segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Realidade alternativa

Notei hoje uma coisa insólita, tenho vivido em um mundo alternativo, um que adentrei já faz um par de anos. Todas as pessoas com quem convivo também habitam nela, os que não são meros coadjuvantes sem nenhum peso ou interferência.
E nesta realidade todos vivem pelas mesmas regras, alguns mais adaptados, outro menos. Todos temos que realizar longas jornadas diárias com apenas pequeno intervalo para refeição, nossos dias parecem ter 12 horas e somos obrigados a ler quantidades excruciantes de páginas. Temos que vestir sempre indumentárias brancas, salvo raros. Temos um prédio cheio de pessoas doentes como quase a nossa segunda-casa.
Observamos pedaços de pessoas mortas conservados com a mais pura indiferença, manuseamos elas sem pudor ou reverência. Aprendemos a compreender o corpo humano de forma que poucos entendem.
Nessa rotina, lentamente temos nosso vocabulário alterado e mesmo que lá no fundo passamos a nos sentir mais importantes e capazes que os coadjuvantes desta realidade. Treinamos por longas horas atos simples como amarrar linhas de formas curiosas, como administrar elementos químicos de longos nomes em coadjuvantes incautos.
Vivo em um mundo em que me ensinam que tenho que confiar apenas em mim em certos momentos, onde cada segundo e gesto executado fazem a diferença, que vou ter outras pessoas a minha mercê e terei que arcar com qualquer resultado das minhas ações.
Só espero, que quando sair desta realidade chamada "Faculdade de Medicina", tenha aprendido o suficiente.

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